Escrito Walter Araújo faz homenagem a Virgílio Ribeiro de Andrade. Chorrochó, tempo de contar

22/09/2014 22:14

Chorrochó, tempo de contar

 

                                   A passagem do tempo nem sempre permite que registremos, com clareza, o que a memória vai guardando, retendo, resumindo, conspirando. Mas, por vezes, permite lembranças esparsas de algum momento do caminhar, ainda que tropeçando nos buracos dessas recordações.

                        Talvez o segredo para enfrentar o inóspito do caminho seja flexibilizá-lo com a indulgência necessária à convivência. Embora difícil, esta parece ser uma opção possível.

                        A comarca de Chorrochó ainda se firmava com o juiz Dr. Olinto Lopes Galvão Filho e seus diligentes e prestativos serventuários, quando conheci Virgílio Ribeiro de Andrade, lotado no Tribunal de Justiça da Bahia, para servir em Chorrochó. Nascido no vizinho e simpático município de Uauá, filho de Jerônimo Rodrigues de Andrade e Aderlinda Ribeiro de Andrade, Virgílio se mudou para Chorrochó ainda jovem, equilibrando-se entre o nascer de sua vida profissional e a aurora de seu destino.

                        Oficial do Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Protesto de Títulos, Virgílio esgueirava-se, sozinho, para desempenhar a espinhosa função, porque na ainda incipiente comarca não havia auxiliar. Mais tarde, assumiu, cumulativamente, com inegável eficiência, o Cartório Eleitoral, que era, à época, um dos mais visíveis retratos de interesses políticos regionais.

                        Todavia, deixo de lado o pendor profissional deVirgílio Ribeiro de Andrade, que é um de seus méritos inegáveis e, despretensiosamente, quero registrar que seu dinamismo o credenciou a liderar, por algum tempo, com idealismo e dedicação, a vida social de Chorrochó. Foi um dos fundadores e presidente da Associação Recreativa Amigos dos Menezes (ARAM), que passou a ser conhecida como Clube de Virgílio. Promoveu memoráveis festas e reuniões da sociedade local e passou a ser referência em Chorrochó.

                        A família parece ser o esteio sem o qual o homem tende a tornar-se pequeno diante do mundo. E Virgílio seguiu o roteiro da razoabilidade da vida, casou-se com a professora Maria do Socorro Menezes Ribeiro e constituiu um lar de decência e seriedade. Teve um filho, Rogério Luiz Menezes Ribeiro e, hoje, deleita-se com os netos, tesouros que a vida lhe deu para amenizar os dissabores da vida. 

                        Sábio, prestativo, generoso e essencialmente cortês, Virgílio sempre transitou, com impressionante desenvoltura, em todas as camadas sociais do município. A política sempre presente na vida de Chorrochó, não lhe contaminou com a pequenez das discussões facciosas, de modo que tem vivido até aqui incólume às tempestades partidárias locais. 

                        Chorrochó tem suas sombras, suas calçadas, seus falares próprios. E tem, também, as marcas históricas do viver de cada um. Neste contexto, Virgílio Ribeiro de Andradese destacou como profissional exemplar e bom anfitrião da cidade, qualidades um tanto difíceis em qualquer tempo. Ele soube diversificar sua forma de agir, de pensar e de conviver, de modo que continua sendo uma monumental referência de cidadão de bem.

                        Tentei resistir, mas meu ego não me deixa silenciar. Virgílio é meu compadre. Ele e sua esposa Socorro batizaram minha primeira filha. Uma honra que carrego há anos.   

           

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 Fonte:  araujo-costa@uol.com.br