Gravação mostra facções de SP e Rio articulando protesto em Brasília contra 'opressão' em presídios federais

20/10/2017 08:32

 

Uma segunda gravação telefônica divulgada pela Polícia Civil de São Paulo nesta quinta-feira (19) mostra que criminosos paulistasnegociaram com integrantes de fação do Rio de Janeiro a organização de um protesto em Brasília. O motivo era a "opressão nos presídios federais", onde parte dos criminosos do mesmo grupo estão presos.

Um dos interlocutores é Fabiano Robson Santos Freitas, conhecido como "Negão" e também chamado pelos criminosos do Rio de Janeiro como "Salazar". Ele é acionado pelos traficantes para organizar uma viagem com simpatizantes das facções para irem até Brasília e participar de uma manifestação.

"Pra nós ajeitar o máximo de pessoas de cada regional confirmando se dá pra ...Brasília, tá ligado irmão? Sobre um protesto que vai ter, tá ligado? Aquela repressão que tá acontecendo lá entendeu?", diz um dos interlocutores, identificado no telefonema como Carlito.

Em outro momento da gravação, Carlito fala: "A gente vai está partindo lá pra Brasília lá, entendeu irmão? Num protesto que vai ter uma manifestação lá, tá ligado, moleque."

Fabiano responde: "Tudo vai no nome nosso, aí, entendeu irmão? O lanche tudo que tiver que dar entendeu, brother?"

Segundo o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Aldo Galeano Júnior, "essa é a pessoa que fazia contato com as facções do Rio de Janeiro. Por isso que vamos avaliar agora com essa prisão, o material colhido na casa dele, mais algumas apreensões de HD, qual a dimensão dessa negociação e a ligação dessa quadrilha com o Rio de Janeiro."

 
 
 
 

Polícia Civil de SP investiga ligação de bandidos da Rocinha com quadrilha paulista

Em um outro áudio, o mesmo interlocutor, Fabiano, negocia o envio de armas e munição para reforçar uma facção criminosa carioca na guerra pelo controle do tráfico de drogas na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio.

A gravação foi feita no mês passado e traz Fabiano Freitas, que é apontado como chefe de uma quadrilha paulista, em uma conversa com um interlocutor ainda desconhecido pela polícia.

Fabiano: - Qual que é a parada, irmão?

Interlocutor: - É as parada que tá acontecendo lá no Rio com os ADA lá, entendeu, irmão? Tem que ir lá que nossos parceiros tão precisando de armamento, tá ligado irmão? Precisamos de bala mesmo. Umas caixas, tá ligado, irmão?

Fabiano: - Então, mas não tem um responsável por essa situação no Rio lá, irmão? Os irmãos que fecha?

Interlocutor: - Então, passo, mas nós tá precisando do que, ligar na sintonia aqui da Baixada, ligar no paiol, entendeu?

Fabiano: - Hã, entendi, pra fortalecer, né?

O chefe da Seccional de São Bernardo do Campo, responsável por conduzir as investigações do caso, afirmou que tem “convicção de que houve um pedido dessa facção do Rio de Janeiro para que houvesse uma ajuda de São Paulo”. “Ajuda na guerrilha que está acontecendo nos morros do Rio de Janeiro pelo tráfico de drogas”, explicou Aldo Galeano.

 

G1