Político diz que recusou R$ 300 mil para ser candidato a prefeito em Rodelas-BA em 2012; saiba porquê

02/08/2015 12:51

Generino Gabriel de Jesus - generinogabriel@uol.com.br

 

Nas últimas semanas, temos ouvido especulações a respeito das próximas eleições, como é costumeiro em todos os municípios, sempre que o pleito se aproxima. Ao que se pode perceber há nomes, forçosamente, colocados, outros sugeridos, e assim vai. Mas, em política, isso é mais do que normal. No entanto, o que nos preocupa não é isso. O preocupante é a descrença das pessoas nas ruas com a conjuntura política atual, quando elas próprias são responsáveis pelas escolhas que fizeram nos últimos pleitos.

A respeito dos nomes colocados, são todos pessoas conhecidas, pessoas de bem e de nossa convivência, com suas virtudes e seus defeitos, inerentes a qualquer ser humano, inclusive, eu. Todavia, em conversas com algumas pessoas, apesar de não querer tocar no assunto, temos observado o quanto a política de quintal tem dominado nosso meio, quando colocam que aqueles que pretendem candidatar-se ao cargo de Prefeito não têm "dinheiro", como se ser fosse uma das premissas da lei "ser rico" para sonhar em governar sua terra natal. Isso me deixa indignado, visto que as pessoas não são mais avaliadas por seu caráter, por sua responsabilidade, por suas condições de administrar, mas sim, pelas condições financeiras, provavelmente, para "comprar a candidatura". Será que ainda não enxergaram que o resultado catastrófico da maioria dos mandatos atuais é consequência dos altos gastos das campanhas eleitorais, onde cidadãos, muitas vezes, até de bem, alocam dinheiro privado de empresários locais e regionais para garantir a eleição, antidemocraticamente, já que precisam "comprar" votos para atingir seus objetivos, ou até assumir compromissos, praticamente, impossíveis de serem cumpridos?

Como vocês sabem, o que estou a expressar é algo legítimo, posto que já participei de quatro pleitos eleitorais, inclusive, exercendo o mandato de Vereador (2005 a 2008) e de Vice-Prefeito (2009 a 2012). No meu caso pessoal, antes do pleito de 2012, fui procurado por, pelo menos, dois microempresários que ofereceram um determinado valor (cerca de R$ 300.000), no intuito de que eu me candidatasse a Prefeito. O valor a pagar, caso fosse eleito, seria R$ 30.000,00 (trinta mil reais) por mês, durante todo o mandato, o que resultaria num total de R$ 1.440.000,00 (um milhão e quatrocentos e quarenta mil reais). No caso de derrota, não teria que pagar nada. Eu não seria louco de me comprometer com uma proposta dessa, afinal de contas, o meu propósito político está muito distante disso. Eu acredito em projetos; não projetos de "roubar" o erário público e enriquecer minha família, nem continuar, permanentemente, no poder, mas, projetos edificantes que possam trazer benefícios futuros.

Não sou adepto de projetos políticos que infringem as leis com cabides de emprego para garantir votos fáceis, quando há cidadãos de bem fazem, a duras penas, um concurso público e estão a esperar sua vaga de emprego; não comungo com a ideia de infringir a lei com superfaturamento, licitações fraudulentas para alimentar a corrupção, tirando os recursos daqueles que mais precisam; também não me adequo à política de favores pessoais que viciam e confundem a cabeça do povo, já que não são feitos para todos, com igualdade, mas para alguns privilegiados, puxa-sacos, uma raça lastimável!

Acredito na austeridade política de fazer o que é direito sem olhar a quem, tratando as pessoas como iguais, atendendo-as com parcimônia, através de funcionários preparados para os cargos que exercem, mesmo que tais ações possam desagradar quem pensa diferente e fazer perder votos e eleições. Há obras que de tão edificantes que são, durarão para sempre; outras, que de tão insignificantes, serão esquecidas ao final do mandato. Abomino políticos "populistas" que apenas enganam as pessoas, como faziam o poderosos lá na Antiga Roma! (É a tal política do "pão e vinho", lembra?)

Não compreendo o que acontece com a maneira de pensar das pessoas! Será que a educação não tem cumprido seu papel primordial, que está muito além de ensinar a escrever e a ler? Onde estão os valores da cidadania aprendidos, ou que deveriam ser matéria obrigatória nas aulas de Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, entre outras? Que tem feito os educadores, além de se satisfazerem com os cargos que não resolvem os problemas da nossa classe profissional?

Estamos em pleno séc. XXI e, ao que parece, os valores humanos estão cada vez mais deturpados! Será possível que em tempos das mais modernas e extraordinárias tecnologias, a sociedade queira fazer o caminho contrário? Inadmissível!

De minha parte, desejo boa sorte aos postulantes aos cargos de Vereador, Vice-Prefeito e de Prefeito, de modo que quero ver minha Rodelas bem representada e que não fique nesse mundinho de "faz-de-contas". No entanto, espero que boas propostas e bons projetos estejam a nossa disposição para que possamos eleger os melhores, em prol de uma cidade melhor para nossos filhos e nossos netos!

Ah! Se também sou candidato a algum cargo na próxima eleição? Infelizmente, os fofoqueiros de plantão me disseram que não posso! Matei? Roubei? Fiz contrabando? Pratiquei agiotagem? Bati na minha esposa? Estuprei! Não! Simplesmente, porque sou PROFESSOR, com toda honra, e não tenho dinheiro para bancar uma campanha eleitoral!

 

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Fonte: Ozildo Alves

 

Prof. Generino Gabriel (Graduado em Letras e em Gestão Pública) - Rodelas/BA, 01 de agosto de 2015