A oposição de Chorrochó está cambaleando diante do político habilidoso Humberto Gomes. Por Walter Araújo

02/01/2019 18:54

“Não se constrói sem aglutinar e não se muda sem dividir. Para saber quando aglutinar e quando dividir, não basta ter senso de oportunidade. É preciso ter visão” (Roberto Mangabeira Unger).

Político habilidoso, o que não chega a ser nenhuma novidade, o prefeito de Chorrochó Humberto Gomes Ramos (PP) acaba de neutralizar, sorrateiramente, o que restava de oposição em Chorrochó.

A composição da Mesa Diretora da Câmara Municipal para o biênio que se iniciou em 01/01/2019, tendo como presidente o vereador Noélio Alves, formou-se majoritariamente com membros da suposta oposição ao prefeito – e somente suposta – mas é tão somente uma questão de formação numérica, não de ideário. Nada mais do que isto.

Até aí, nenhuma novidade. Composições políticas, mesmo estranhas, fazem parte da essência do Poder Legislativo em qualquer esfera e em qualquer lugar. É da natureza política dos parlamentos.

Todavia, em Chorrochó, tem um quê a mais. O prefeito sempre manejou a Câmara Municipal como quis, o que não chega a ser nenhum demérito para Suas Excelências os nobilíssimos vereadores.

O resultado da eleição na Câmara de Chorrochó, embora pareça crédito atribuído ao vice prefeito Dilan Oliveira (PC do B), assegura ao prefeito Humberto a garantia de que ele continuará dando as cartas no Legislativo Municipal, por uma razão muito simples: os votos da base de apoio ao prefeito na Câmara, em favor da nova Mesa Diretora, mantêm o grupo do vice-prefeito ao lado do alcaide e, com ele, arrastaram junto a pretensa oposição.

Aliás, oposição em Chorrochó é como alma penada, todo mundo diz que existe mas ninguém vê.

As chamadas lideranças de oposição em Chorrochó escafederam-se, amedrontaram-se, encolheram-se. Há até o caso de uma vereadora que oscila de um lado para o outro e não se sabe exatamente se já definiu onde fica.

De qualquer forma, hoje consta uma oposição superficial na Câmara Municipal, o que faz presumir, ilusoriamente, que a oposição está crescendo. O que está crescendo mesmo é a liderança do prefeito Humberto. A oposição continua cambaleando.

A exceção fica por conta do ilustre vereador Luiz Alberto de Menezes (Beto de Arnóbio), que se acostumou a desempenhar de forma solitária o papel de oposicionista, mas vem se fragilizando em razão da ausência de pessoas que comunguem com ele dos mesmos princípios que defende. Há – parece – uma dificuldade de aglutinação. Mas ele tentou.

Beto de Arnóbio é o clássico exemplo de andorinha que só não faz verão.

Numa primeira análise, dá a impressão que a nova composição da Mesa da Câmara de Chorrochó ficou com a oposição. Não é bem assim. O que vale, neste caso, é o caminho percorrido para a oficialização do resultado: os votos da base do prefeito, que ele arquitetou muito bem, embora tenha parecido de improviso.

O fato é que há uma simbiose política entre o prefeito e seu vice Dilan Oliveira. Dilan  é um bom rapaz e vem tentando levantar vôo solo, mas os ventos oriundos da força política de Humberto o desviam de rota ou, pelo menos, direcionam para o mesmo destino.

Todavia, é inegável o esforço do prefeito e seu vice no sentido de demonstrarem a união política de ambos.

Não há porque negar que os vices crescem somente nas adversidades enfrentadas pelos titulares. E, no caso de Chorrochó, elas têm passado longe das pretensões do vice prefeito.

Resumindo, a frágil oposição de Chorrochó está cambaleando. Sempre esteve.

Tendo em vista a liderança política do prefeito Humberto, a oposição parece que adotou a máxima segundo a qual “em terra de sapo, de cócoras com ele”. E aderiu alegremente aos encantos do prefeito.

Para finalizar, registro minha admiração pelo vereador Pascoal Almeida Lima Tercius (Tércio de Fafá), ex-presidente da Câmara Municipal de Chorrochó, competente e sábio político da nova geração. Este rapaz tem futuro. A história dirá.

araujo-costa@uol.com.br