Destaque 2018 Macururé: Categoria Ação Social José Raimundo

03/04/2018 15:52

 

José Raimundo Torres Monte Santo um homem de hábitos simples e de uma vida pacata e saudável. Ainda criança José foi apresentado a capoeira por um irmão (In memoria) e foi amor a primeira vista, ou melhor dizendo, amor a primeira gingada. Em 1996 ele começou a ensinar os primeiros alunos de Macururé, infelizmente era tudo muito difícil, precário e por ser uma arte até então desconhecida em Macururé  passamos por muitas adversidades e a pior de todas certamente foi o preconceito, mas eu não desistir, continuei com o propósito que arte tem que ser compartilhada, e por amar tanto a capoeira comecei a praticar com mais freqüência, sentir muita positividade quando dezenas de jovens me procuravam no intuito de aprender. Foi nesse momento que sentir a obrigação de liderar esses jovens que até então não tinha conhecimento da arte. E para unir o útil ao agradável eu criei algumas exigências disciplinar, para as crianças e ou jovens permanecerem no grupo de capoeira é de estrema importância que esteja estudando, e para participar de eventos eu exijo que meus alunos tenham boas notas na escola. Se por qualquer motivo o aluno se envolver em brigas, tirar notas ruins ou ser reprovado na escola, faltar com respeito a demais cidadãos, promoverem o vandalismo ou danificar o patrimônio público, esse aluno recebe suspensão do grupo imediatamente, e dependendo do caso é expulso definitivamente do grupo, não podendo mais praticar a arte com nenhum aluno efetivo no grupo. Todo meu trabalho é social e sem fins lucrativos, e em muitas apresentações recebemos doações de alimentos não perecíveis e esses alimentos são transformados em cestas básicas e distribuídos para famílias carentes. Minhas aulas sempre foram gratuitas e continuaram sendo enquanto Deus me proporcionar esse privilégio. Nesses vinte e dois anos de luta nunca pensei em desistir, sempre me apeguei à certeza que eu estou contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade melhor, permaneci só, sem apoio e mesmo assim continua em mim a esperança que muitos dessas centenas de jovens levaram um pouco dessa doutrina consigo para se tornarem pessoas melhores. Sempre que pude compartilhei um pouco de meu salário para uniformizar alunos que tem vontade, tem as qualidades exigidas por mim, mas não tem condições de adquirir o seu abadá. Em minha luta acredito que faço o melhor de mim, minha vontade era poder mais, ter um espaço, uma estrutura que pudesse agregar um numero ainda maior de alunos. Já levei meu conhecimento para muitos alunos da zona rural, mas infelizmente não tenho recurso para continuar um trabalho nos quatro quantos do município, em Macururé não temos uma valorização da cultura por meio das gestões, eu, por exemplo, me sinto orgulho em está recebendo o primeiro prêmio de minha vida por um trabalho que me dedico a mais de duas décadas e ao mesmo tempo fico triste em não ver nenhuma iniciativa local para desenvolver o interesse de outros no desenvolvimento da cultura .Sigo na Fé em Deus que um dia todos terão acesso direto a educação, esporte, cultura e lazer. Sou apenas uma gotinha diante de um oceano de necessidades. Mas sei sem modéstia nenhuma que faço minha parte, e sempre faço com amor e carinho. Minha maior preocupação é o futuro de meus alunos, e todos os jovens que são o alicerce do futuro de nossa Macururé. Agradeço a centenas de alunos que estiveram comigo ao longo desses anos, agradeço aos pais desses alunos que confiaram em mim e depositam toda confiança e credibilidade em meu trabalho, agradeço a minha família por ter compreensão por minha ausência nesses anos. Agradeço a Associação Grupo Folclórico Axé que faço parte desde 2011, e em especial ao Mestre Lopes. Agradeço a equipe do Chorrochó Online, e agradeço principalmente a Deus por me confiar a nobreza de levar as crianças e jovens acesso a uma arte tão linda.