Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morre aos 41 anos vítima de câncer
O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), morreu na capital paulista às 8h20 deste domingo, 16, aos 41 anos. Covas lutava desde outubro de 2019 contra um adenocarcinoma, tipo de câncer detectado inicialmente na cárdia, região de transição do esôfago para o estômago. Ele passou por sessões de quimioterapia e imunoterapia que haviam feito a doença regredir, mas, menos de dois anos depois do diagnóstico, o câncer acabou voltando a afetar o fígado e os ossos do prefeito. Licenciado da prefeitura da maior cidade do país desde o início de maio, quando os tratamentos se intensificaram, o tucano estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde o último dia 2. Com a morte de Covas, o prefeito interino Ricardo Nunes (MDB) assume definitivamente.
Neto do ex-governador de São Paulo Mário Covas (PSDB), que também morreu devido a um câncer, em 2001, Bruno Covas nasceu no dia 7 de abril de 1980 em Santos, mesma cidade natal do avô. Filho de Renata Covas Lopes e Pedro Mauro Lopes, o prefeito era divorciado e deixa o filho Tomás, de 15 anos, fruto de seu casamento com Karen Ichiba.
Advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo, e economista pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Covas conseguiu em 2006, quando tinha apenas 26 anos, o seu primeiro mandato eletivo, de deputado estadual, com 122.312 votos. Quatro anos depois, foi reeleito com a maior votação para a Assembleia Legislativa de São Paulo, 239.150 votos. Entre 2007 e 2011, Covas também ocupou a presidência nacional da Juventude do PSDB.
Após a reeleição como deputado estadual, no início de 2011, Bruno Covas foi nomeado secretário estadual de Meio Ambiente pelo governador recém-eleito, Geraldo Alckmin (PSDB). Ele ficou no cargo até 2014, quando foi eleito deputado federal, com 352.708 votos, quarto melhor resultado para o cargo no estado naquele ano. Na Câmara, Covas foi vice-líder do partido entre março de 2015 e janeiro de 2017 e teve uma atuação voltada sobretudo a políticas de meio ambiente, agropecuária, direitos humanos, educação, cultura e esportes.
O tucano também integrou a comissão que analisou, em 2016, o pedido de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff (PT), a quem o PSDB fazia oposição. “Diante das adversidades só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer. Nós vamos vencer essa, venho aqui hoje dar voz a todos os paulistas que, anônimos, foram para as ruas dizer basta”, declarou Bruno Covas ao votar a favor do impedimento da petista, no plenário da Câmara.
Campanha à prefeitura
Vinte e um meses depois de assumir o cargo, já tendo passado por sessões de quimioterapia e imunoterapia, Covas chegou ao ano da eleição municipal colocado em dúvida mesmo no ninho tucano. Avaliava-se que faltava à gestão dele uma marca, atenuada após o início da pandemia do novo coronavírus e a postura correta e científica seguida pelo prefeito. Impulsionado pela boa gestão à frente da maior cidade brasileira na mais aguda crise sanitária em um século, no entanto, Bruno Covas não só assegurou a candidatura tucana à prefeitura como foi reeleito em um segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL) com 59,38% dos votos. O mote de sua campanha era “força, foco e fé”.
“As urnas falaram, e a democracia está viva. São Paulo mostrou que restam poucos dias para o negacionismo e para o obscurantismo. São Paulo disse sim à democracia. São Paulo disse sim à ciência. São Paulo disse sim à moderação. São Paulo disse sim ao equilíbrio. Hoje é dia de celebrar a nossa vitória. A vitória do povo de São Paulo. O trabalho começa amanhã”, discursou o prefeito reeleito após a confirmação da vitória.
Nos primeiros cinco meses do governo, contudo, os diagnósticos de que o câncer havia voltado ao fígado e atingido ossos do prefeito o levaram a se afastar do cargo, inicialmente por 30 dias, e ser internado para novas sessões de quimioterapia e imunoterapia.
Santista de nascimento e no futebol, Covas viu das arquibancadas pela última vez o time do coração em 30 de janeiro, na final da Taça Libertadores da América, no Maracanã, que acabou vencida pelo Palmeiras. Criticado por ter ido à partida em meio à pandemia, durante licença não remunerada, Covas se defendeu e citou a “hipocrisia generalizada que virou nossa sociedade”. “Depois de tantas incertezas sobre a vida, a felicidade de levar o filho ao estádio tomou uma proporção diferente para mim. Ir ao jogo é direito meu. É usufruir de um pequeno prazer da vida”.