CASO CURAÇÁ - POLICIAIS SÃO ABSOLVIDOS EM TRIBUNAL DE JUAZEIRO

15/03/2014 14:01
Dois policiais militares foram absolvidos, no Tribunal do Júri de Juazeiro, em um processo que os acusava de inúmeros crimes, incluindo formação de quadrilha, peculato, tortura e homicídio. Os policiais José Castro de Barros e Josivan Rodrigues da Fé esperaram sete anos por essa solução, dos quais três estavam aprisionados por esses crimes que não cometeram.  O Júri Popular aconteceu nesta quinta-feira, dia 13, e durou 10 horas. 
 
O chamado "Caso Curaçá" dava conta do extermínio de uma quadrilha formada por policiais na região norte do estado da Bahia em 2007. “Hoje a Justiça foi feita e todos eles estão absolvidos das acusações que lhes foram imputadas, provando que a justiça tarda, mas não falha quando está nas mãos dos defensores certos. Não restou dúvidas nem para o Ministério Público nem para os Jurados o que a defesa sempre afirmou: todos aqueles homens estavam agindo na forma da lei em prol da sociedade”, disse o Centro de Apoio Jurídico – AJUPM,  que representa os policiais desde o começo do processo.
 
Durante a manhã foram interrogados três peritos que dirimiram as dúvidas sobre os ferimentos encontrados no corpo do falecido e o Major Nascimento que é o atual comandante de Curaçá,que expôs sua admiração pelo trabalho dos policiais injustamente acusados. O AJUPM informou que acompanhou os dois juris anteriores e conseguiu primeiro a absolvição de cinco dos sete policiais que estavam presentes na ação que acabou na morte de um meliante em um bar de Curaçá durante uma diligência feita após uma denúncia.
 
O Sargento Castro, em depoimento, falou da sua trajetória de 22 anos na Corporação: "Sempre procurei fazer meu trabalho de forma digna. Lidei com marginais de todos os tipos que vivem à margem da lei, acusados de formação de quadrilha, tráfico e homicídios. Nunca entendi porque fui incluído nesse processo, nunca tive o desprazer de maltratar um cidadão de bem e nunca respondi a processo administrativo. Sou bem quisto pela população da cidade e sou inocente dessas acusações", afirmou o sargento que estava, inclusive, de férias quando foi acusado de participação no suposto assassinato premeditado por ele e o soldado Da Fé.
 
O soldado Da Fé, que foi demitido da Corporação por ter efetuado o disparo contra a vítima. "As testemunhas arroladas em nosso processo eram marginais e traficantes que sempre combati. Eles diziam que eu e o Castro dávamos prejuízo ao tráfico. Entrei na PM com 20 anos e nesse período me dediquei ao enfrentamento do crime em prol da sociedade. Nunca fui acusado de nada, nem em delegacia, nem na Justiça, nem em lugar nenhum. Agi dentro da lei e por isso não acompanhei o crescimento da minha filha que nasceu enquanto eu tava preso, nem pude defender meu filho que hoje faz tratamento psicológico pela exposição que sofreu. Não consigo emprego e meu pai banca minhas despesas. O que me fortalece é o apoio dos meus colegas e da população que me quer de volta na ruas", disse o soldado Da Fé.
Para o Ministério Público, representado pelo promotor Alexandre Lamas, não restava dúvidas da negativa de autoria do Sgt. Castro e da legítima defesa executada pelo Sd. Da Fé durante a ação. Ele foi taxativo ao afirmar que nunca entendeu o motivo pelo qual o sargento foi citado nos autos como réu. "Não há razão para a denúncia nem para ele estar em plenário hoje. O MP é fiscal da lei. Ora, se o indivíduo não estava no local do crime, não atirou e não mandou matar, então não deve ser denunciado. Ficou provado que inexistiu o peculato, a tortura, a formação de quadrilha e, no caso do homicídio, houve legítima defesa", afirmou o promotor.
Os advogados de defesa, Wagner Martins e Henrique Marcula, ratificaram o pedido de absolvição dos policiais perante os jurados. "A sociedade hoje representada pelos senhores do júri dirá aos acusados que a Justiça, mesmo que tarde, opera. A vontade de segundos tirou sete anos da vida desses senhores. Até quando esse tipo de ato vai perdurar? Isso tem que ter um fim, pois se continuar assim poderemos ser os próximos injustiçados um dia", afirmou Wagner Martins em prol dos associados.
 
Após a espera de alguns minutos pela reunião dos jurados na Sala Especial, os dois foram absolvidos. O Sgt Castro poderá buscar seu crescimento na Corporação e o Sd. Da Fé terá o empenho do AJUPM para ser reintegrado à Polícia Militar.



AJUPM

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