Cidades de Paulo Afonso e Glória enfrentam desafio para conter avanço das baronesas

16/04/2019 23:20

Os municípios de Paulo Afonso e Glória, no norte da Bahia, enfrentam desafio para conter avanço das baronesas, que se proliferam com rapidez nas águas do Velho Chico. As duas cidades, que enfrentam problemas de saneamento básico, foram contempladas com a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), iniciativa totalmente custeada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Francisco (CBHSF). Em fase de execução, acredita-se que o plano vai ajudar a resolver a questão do tratamento de esgoto e, consequentemente, com a diminuição das indesejadas macrófitas.

E foi com o objetivo de discutir essa situação e apontar os responsáveis por iniciativas que visem o controle e a qualidade da água, que o Ministério Público da Bahia, através da Promotoria de Justiça Regional Ambiental de Paulo Afonso, realizou uma audiência pública com diversos atores com participação e obrigações em relação aos cuidados com o Velho Chico. O encontro reuniu a comunidade local, representantes do poder executivo e legislativo das cidades, órgãos ambientais, universidades, associações de pescadores e empresas de saneamento. Apoiando a iniciativa, CBHSF também esteve presente através do vice-presidente Maciel Oliveira.

O Comitê foi um dos apoiadores da Audiência Pública convocada pelo Ministério Público da Bahia, e tivemos a oportunidade de apresentar os trabalhos do colegiado, em especial a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento. É importante destacar que, desde 2013 com as reduções das vazões, o Comitê alerta sobre os riscos para a qualidade da água, quer dizer, quanto menos água no São Francisco, menor será a capacidade de diluição. O problema na região de Paulo Afonso é muito grave e está causado prejuízos no abastecimento humano e na economia local, seja no turismo ou nas psiculturas. Mas temos que entender que todos têm sua parcela de contribuição com o que está acontecendo com a superpopulação de macrófitas, seja pelo despejo de esgoto doméstico, uso desordenado de fertilizantes, a grande concentração de tanques rede no lago de Itaparica e também por falta de gestão”, destacou o vice-presidente do CBHSF.

Não é de hoje que essas plantas podem ser vistas em diversos pontos do Rio. Na região do Vale do São Francisco, em diversos pontos dos rios Pajeú e Moxotó, há grandes volumes da macrófita e boa parte se encontra nas margens do Velho Chico. É dessas regiões que, segundo o secretário de Meio Ambiente de Paulo Afonso Emanuel Souza dos Santos, essas plantas têm se deslocado até os municípios de Paulo Afonso e Glória, na Bahia, se concentrando, em grande volume, nas áreas de balneário e prainhas dos municípios. Com episódios anuais da chegada dessas plantas na região, foi a partir de 2018 que essa localidade teve o maior volume de baronesas em suas margens.

Danos ambientais

Além de prejudicar a população aquática, os danos sociais e ambientais continuam sendo contabilizados, já que o problema persiste na região. Ainda de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente de Paulo Afonso, somente em 2018 foram retiradas 30 mil toneladas de baronesas dos balneários e prainhas. A ação é continuada e mesmo com um volume menor do que no ano passado, é com esse cenário de poluição e máquinas para a tentativa de limpeza que os usuários dessas águas convivem.

A remoção das plantas é um trabalho paliativo. Em Paulo Afonso foram destinados aproximadamente R$ 1,5 milhão para a limpeza das áreas mais movimentadas. Contudo, diversos outros pontos ainda precisam de atenção. Para a dona de casa Tainá Silva Jesus, é urgente a preservação do Rio.

Por causa da poluição, em 2018 o município de Glória decretou estado de calamidade. Ambos os municípios são beneficiados pela elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico com investimento integral do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Essa medida é adotada pelo CBHSF como forma de auxiliar os municípios na construção do plano que deve nortear todas as ações infraestruturais e ambientais.

Via Carlos Britto