Democratas X Republicanos: Divisão de poder nos EUA pode favorecer Brasil

06/11/2020 14:42
Democratas X Republicanos: Divisão de poder nos EUA pode favorecer Brasil
Foto: Divulgação
 

 

O resultado das eleições nos Estados Unidos, que indica uma vitória do democrata Joe Biden, mas o controle do Senado pelos republicanos, aponta como bom cenário para a economia brasileira. A avaliação é de especialista ouvidos pelo Valor. Segundo eles, a combinação deve resultar num pacote fiscal moderado, menos altas de impostos e um período mais prolongado de juros baixos na maior economia do mundo. No entanto, incertezas ainda perduram. “É um bom cenário”, diz o head de research e sócio-fundador da Asset 1, Carlos Viana de Carvalho. “O risco é se houver necessidade de estímulos mais fortes caso a americana fraqueje mais com a nova onda da Covid. Os republicanos podem barrar.” Um dos receios é de que se apresente um repeteco do impasse no aumento do teto da dívida no governo Obama, o “fiscal cliff”, que levou a uma consolidação fiscal prematura. Os prognósticos são que, com Biden na presidência e republicanos no Senado, o pacote de estímulo fiscal será menor. As especulações sobre o pacote de Trump iam de US$ 1 trilhão a US$ 2 trilhões, enquanto que para um Biden obrigado a negociar com os republicanos vai de US$ 500 bilhões a US$ 1,5 trilhão, destaca reportagem. Na leitura, Biden, que é um conciliador, estaria menos pressionado pela esquerda democrata, a quem teve que fazer concessões  programáticas para unificar o partido – entre elas, a promessa de aumentar os impostos sobre empresas e os mais ricos. O estímulo fiscal mais fraco atenua um pouco as preocupações com o aumento do endividamento público e, portanto, reduz as pressões sobre os juros do Tesouro americano – uma referência para o custo do dinheiro em todo o mundo – e de desvalorização do dólar frente a outras moedas do mundo.  governo Biden, além disso, deverá ter uma posição de menos confronto com a China e menos protecionista, o que favorece os fluxos de comércio e significa um vetor importante na contenção de altas de preços. Com o fiscal menos potente e forças deflacionárias em jogo, o “forward guidande”, a promessa do Federal Reserve de não subir os juros tão cedo. O cenário que resulta para o Brasil é de ampla liquidez internacional por mais tempo e, de outro lado, um crescimento moderado nos Estados Unidos, o que significa que a maior economia do mundo não vai ser um polo muito mais poderoso de atração desses capitais. Nada disso resolve os problemas econômicos do Brasil, que na essência são domésticos e fiscais, diz um gestor de um grande fundo de investimento. Mas o pior cenário seria a combinação desse desarranjo fiscal com um ambiente internacional desfavorável, que aumente a aversão a risco ou diminua os níveis de liquidez.