Dia Nacional da Mulher Negra: G1 convida baianas a falarem sobre conquistas, descobertas e reflexões de 2020

25/07/2020 13:24

Inspirado em data internacional, o 25 de julho também é Dia de Tereza de Benguela.Veja relatos de baianas sobre o Dia Nacional da Mulher Negra — Foto: Montagem/G1

Há seis anos, o 25 de julho é celebrado como o Dia Nacional da Mulher Negra e Dia de Tereza de Benguela, no Brasil. A data foi inspirada pelo Dia Internacional da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha, criado em julho de 1992.

O Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra foi instituído através da Lei nº 12.987 de 2 de junho de 2014.Nascida no século XVIII, Tereza de Benguela chefiou o Quilombo do Piolho - ou Quariterê - nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, a 562 km de Cuiabá, a primeira capital do Mato Grosso.

Sob o comando dela, a comunidade cresceu militar e economicamente, incomodando o governo escravista. Após ataques das autoridades ao local, Benguela foi presa e veio a cometer suicídio após se recusar a viver sob regime de escravidão.

Desde muito antes de datas comemorativas marcadas em calendários, a vida de mulheres negras, seja no Brasil ou fora dele, é marcada por lutas, quebra de preconceitos e paradigmas e a busca por espaço, escuta e afeto.

O racismo marca a vida de pessoas negras, mas não pode ser fator condicionante de existência. Por isso, neste ano, o G1 convidou mulheres negras não para falarem sobre suas dores, mas sim sobre suas conquistas, descobertas e reflexões para 2020.

 

Larissa Luz, cantora, atriz e compositora

 

“2020 está sendo um ano atípico, lógico. Ele trouxe algumas frustrações, mas muitas reflexões sobre coisas necessárias, coisas urgentes como a desigualdade e todas as consequências dessa construção desigual. Estamos passando por uma readaptação a uma nova era, a um novo momento de vida no coletivo. Passando por um ano de reflexão, para que a gente possa se reconstruir, porque tem coisas que vão ficar e a gente vai se transformar. Para que a gente possa entender tudo o que está acontecendo e criar uma nova realidade".

 

"Estou tentando ver por esse lado, pra ter um estímulo pra seguir, porque se a gente olha só para as coisas ruins a gente não consegue ir adiante. Apesar da constatação de todas as coisas que a gente está tendo, estou tentando extrair coisas que possam me fazer maior, e isso diz respeito também à minha comunidade ou meu grupo, às pessoas que estão à minha volta. Para a gente, que tem qualquer tipo de vantagem social, conseguir enxergar como agregar e colaborar com as pessoas para que essa desigualdade diminua. Eu acho que é essa a lição de 2020, dar segmentos às pautas raciais e fincar os pés na terra para abraçar nossa ancestralidade”.

 

Dayane Oliveira, CEO e Diretora Criativa da Asminas - Mkt de Influência

 

“2020 está sendo um ano de descoberta e autoconhecimento. Em meio à pandemia, tive a coragem de iniciar um negócio que talvez, em outros tempos, deixaria em segundo plano, ou não colocaria em prática. O que, de fato, me fez ter força e coragem para tirar do papel esse projeto, foi a necessidade de sair da inércia e partir para uma atitude mais real na luta antirracista, buscando a mudança deste cenário ao nosso favor. Quando ocupamos a cadeira de decisão, a história muda. Empregando, gerando renda e potencializando a economia preta".

 

"Estar em casa e ter o apoio da família e amigos me motivou a encarar este desafio, que tem sido uma das melhores coisas que já realizei na minha vida. Não diria que 2020 é um ano perdido, mas sim um ano diferente. O que espero até o final do ano é que possamos perceber nosso potencial em rede e que, como comunidade, é extremamente necessário nos apoiar e pensar em ações que sejam mais efetivas e reais, no que diz respeito à transformação de uma sociedade racista, machista e que nos coloca na base de um sistema que nos mata todos os dias”.