Eleições municipais por Walter Araújo
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Campanha eleitoral também tem preliminares e a única certeza do que pode acontecer durante a mesma é que existe muita sacanagem. Se todos os que participam não conseguem chegar ao fim, pelo menos tentam. É um mérito.
As próximas eleições municipais acontecerão somente no último trimestre de 2016, se dona Dilma e o PT não acabarem com o Brasil até lá. Mas já circulam pré-candidatos em profusão. Em municípios do interior, onde o exercício da função de prefeito ou de vereador significa status social admirável, os políticos vivem se engalfinhando à procura de um lugar ao sol, disputando o apoio e a indicação dos líderes que atualmente estão no poder.
Todavia, quem entra na disputa antes do jogo começar acaba se desgastando e indo para o banco de reserva com limitadas chances de atuar na partida. Este parece ser o caso de muitos apressados pré-candidatos que se lançam na disputa, atabalhoadamente. Apregoam por aí que serão candidatos, mas esquecem de avisar para o principal interessado, que é o eleitor. Seguem reivindicando indicação em gabinetes, balcões das prefeituras e bastidores e fazem o caminho inverso: os eleitores vão em direção às urnas e os candidatos em direção ao despenhadeiro.
A lógica recomenda que primeiro o candidato precisa ficar conhecido junto às bases eleitorais. Em última instância, quem diz o que precisa ser dito é o povo. Muitos ainda não acreditam, mas o segredo está na voz das urnas e não nos conchavos promíscuos de gabinetes. O ditado mineiro é sábio: “água de morro abaixo, fogo de morro acima e povo querendo votar, ninguém segura”.
Em tempo de pré-candidaturas, bezerro não conhece vaca, amizades se estremecem e amigos se estranham. O que mais se vê é traição. Em roda de conversa entre pretendentes a cargos públicos, findo o assunto, ninguém se atreve a sair primeiro.
Neste cipoal de malandragem, triste é constatar que os honestos, sérios e éticos geralmente perdem o jogo. Vencem os mais flexíveis em sua conduta moral, os que discutem benesses, direcionam a política para o lado mais tosco, repugnável e detestável: as negociatas. E os vencedores passam a ter comparsas e não mais correligionários. Há exceções, claro. E até muitas.
Um amigo telefonou do sertão da Bahia e disse que, entre os pré-candidatos a prefeito de seu município, por volta de seis, “há muita gente como o sorriso amarelo”, porque, politicamente, ninguém sabe quem apóia quem. Não vão saber, por enquanto. Em política, somente uma coisa é certa: o imponderável. E o imponderável para alguns é sinônimo de malandragem.
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