Estudante desenvolve protótipo para possibilitar acesso ao computador por pessoas com tetraplegia

23/11/2020 09:14

TAAPETE versão 1 Plus — Foto: Arquivo pessoal

 
 

Álvaro Vasques é estudante de curso Técnico em Agropecuária integrado ao ensino médio. O projeto foi orientado pelos professores Leandro Teixeira e Gustavo Sabry, docentes no Instituto Federal Baiano (IFBaiano), em Valença.

 

Um jovem baiano de 18 anos está desenvolvendo um protótipo capaz de possibilitar o acesso ao computador por pessoas tetraplégicas. Álvaro Vasques nasceu no município de Ipiaú, sul da Bahia, mas cursa o ensino médio integrado com curso técnico em agropecuária em Valença, baixo sul do estado, no Instituto Federal Baiano (IFBaiano).

 

Álvaro conta que sempre quis desenvolver algo que contribuísse para uma sociedade mais igualitária. Mas foi depois de começar a estudar no IFBaiano que descobriu um caminho. Na escola, conheceu os professores Leandro Teixeira e Gustavo Sabry, que já orientavam outros projetos em "tecnologia assistiva", área voltada ao desenvolvimento de dispositivos para facilitar a vida de Pessoas Com Deficiência (PCDs).

 
Atualmente, o estudante está fazendo melhorias e novas versões no projeto nomeado de "Tecnologia Assistiva Acessível para Pessoas com Tetraplegia" (TAAPETE). A ideia é desenvolver um equipamento para ser anexado ao computador e em algum lugar na cabeça do usuário, permitindo que ele use o mouse com movimentos da cabeça e também realize outras funções.
 
Os cliques são lidos a partir da inclinação da cabeça da pessoa (para a direita ou esquerda, a depender do botão que ela queira clicar). A depender da inclinação para a esquerda, pode ser um clicar simples ou um duplo clique.
 
Na versão posterior foram incluídas mais funcionalidades, de modo que a pessoa pode utilizar as várias funções do computador de forma prática e fácil. "Incluímos ativação de teclado virtual, mudança de páginas para leituras e escritas e centralização de cursor, entre outras", diz Leandro.
 
Um dos diferencias do TAAPETE é que ele é um hardware, ou seja, funciona como um mouse ou um teclado, por isso não é necessária a instalação de nenhum programa no computador, apenas conectar e usar. Outro detalhe é o baixo custo, em comparação com outros projetos similares.
 
Com a TAAPETE, Álvaro já participou de eventos nacionais e internacionais. Também conseguiu premiações importantes como o 1º lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra (Prêmio ABRIC de excelência em pesquisa) da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace); o Prêmio Destaque Unidades da Federação, onde o estudante e professores a Bahia; e o Prêmio Abritec (Associação Brasileira de incentivo à tecnologia e ciência).
 
O projeto também foi credenciado para eventos, feiras e encontros internacionais, como o Encuentro Internacional Colombista de Ciencia, Inovacion y Empreendimiento, que será realizado em 2021, na Colômbia - e na edição deste ano da International Science and Engineering Fair (ISEF 2020).
 
Um dos próximos objetivos é testar o protótipo em pessoas com deficiência, revela o professor Leandro. "Para testar em outras pessoas, precisamos de autorização do Conselho de Ética. Devido à pandemia, temos que manter o afastamento social. Por conta disso, ainda não podemos estar junto ao público-alvo. Mas assim que possível, faremos o pedido da autorização junto ao Conselho e testaremos em outras pessoas", explica.
 
Além disso, Álvaro pretende ainda "realizar testes de usabilidade com base na Lei de Fitts e com normas da ISO (sigla para International Organization for Standardization, em português Organização Internacional para Padronização )".
 
A primeira lei está dentro da área da Ergonomia e é usada para modelar o ato de apontar, tanto no mundo real, por exemplo com uma mão ou dedo, como no virtual, com auxílio de equipamentos, como um mouse por exemplo. Já as normas da ISO são um grupo de normas técnicas internacionais que estabelecem um modelo de gestão da qualidade de todo tipo de ferramentas.