HISTÓRIA: “A igreja secular é marco do Conselheiro em Chorrochó”.

18/02/2013 14:17

                        IGREJA DO CHORROCHÓ

 

Na década de 1880, quando foi levantada a igreja em estudo, Chorrochó era

uma localidade de poucas centenas de habitantes, encravada no município de

Capim Grosso, na região do São Francisco. Para Euclides da Cunha, o

Conselheiro andava nos sertões de Curaçá, desde 1877, portanto, logo após

seu retorno do Ceará. É o que consta em Os Sertões: “'Vagueia, então, durante

algum tempo, pelos sertões de Curaçá, estacionando (1877) de preferência em

Chorrochó, lugarejo de poucas centenas de habitantes, cuja feira movimentada

congrega a maioria dos povoadores daquele trecho do São Francisco. Uma

capela elegante indica-lhe, ainda hoje a estadia”

 A informação a respeito da data não coincide com o texto da

Enciclopédia dos Municípios, volume XX, no

verbete correspondente a Chorrochó: “Em 1884 ali chegou o fanático Antonio

Vicente Mendes Maciel, que iniciou a construção de uma igreja, contando com o

auxilio material de grande número de seus seguidores. Essa igreja recebeu,

mais tarde, a invocação do Senhor do Bonfim” A conclusão da obra teria sido

em 1885, conforme dizem na atual cidade de Chorrochó, pelo que se depreende

de uma reportagem publicada na imprensa baiana, que assim reza: “'Num dia do

ano de 1885, o peregrino, como era conhecido, entregava à população cabocla

daquele distrito, remanescente dos Cariris, a Igreja que se tomaria a quinta que

levantou no coração agreste da região” É possível que, no ano evocado, tenha

sido dada por terminada a edificação da igreja, mas sabemos que, em fins de

1886, ainda arrecadava o Conselheiro recursos para o templo de Chorrochó,

porque pelo menos assim o julgava Luís Gonzaga de Melo, delegado de

Itapicuru, em oficio enviado ao Dr. Domingos Rodrigues Guimarães,

denunciando as atividades de Antonio Conselheiro no arraial do Bom Jesus,

onde os crentes arranjavam, de qualquer modo, dinheiro para a edificação da

capela do lugar e para a de Chorrochó. Comunicava Luís Gonzaga de Melo: “Na

construção dessa capela, cuja féria semanal é de quase cem mil réis, décuplo

de que devia ser pago, estão empregados cearenses, aos quais Antonio

Conselheiro presta a mais cega proteção, tolerando e dissimulando os atentados

que cometem, e esse dinheiro sai dos crédulo e ignorantes, que, além de não

trabalharem, vendem o pouco que possuem e até furtam para não haver a

menor falta, sem falar nas quantias arrecadadas que tem sido remetidas para

outras obras no Chorrochó, termo de Capim Grosso”

A Igreja de Chorrochó, a mais imponente das capelas até então levantadas,

recorda, ainda nos dias correntes, a passagem do Conselheiro na região

sanfranciscana. Bem defronte ao templo, na praça principal, alça-se um cruzeiro,

sob base de cal e pedra, cercado de madeira, constituindo uma espécie de

coreto, onde o Conselheiro fazia suas prédicas, conforme declaram habitantes

da cidade.