HISTÓRIA: O QUE FOI A GUERRA DA CORÉIA

31/03/2013 12:50

ENTENDA UM POUCO MAIS

 

Como o próprio nome diz, foi um conflito entre as Coréias do Norte e do Sul - mas também foi a primeira batalha militar a opor capitalistas e socialistas, deixando o mundo quase à beira de uma guerra nuclear. A semente de tudo isso foi plantada em 1945, com o fim da Segunda Guerra. Na ocasião, a Coréia (na época, ainda um único país) estava ocupada pelos japoneses que começavam a se render às tropas aliadas. Os dois principais líderes do bloco, os Estados Unidos e a União Soviética, concordaram em dividir a rendição: os soviéticos receberiam as tropas nipônicas que estivessem na parte norte da Coréia, acima da latitude de 38 graus, enquanto os americanos cuidariam dos soldados do sul. Esse episódio acabou fracionando o país e gerando as duas Coréias. A do Norte, ligada à União Soviética, se tornou comunista. A do Sul continuou abraçada ao capitalismo, apadrinhada pelos americanos.

Em 1949, a maior parte das tropas estrangeiras já tinha saído dos dois países, mas, no ano seguinte, a tensão explodiu com a invasão das forças norte-coreanas no lado sul. Dois dias depois, o então presidente americano Harry Truman mandou tropas para lutar ao lado da Coréia do Sul - outros 15 países também enviaram soldados. Enquanto essas tropas avançavam para o norte, a China comunista entrou na história para defender os norte-coreanos. Como resposta, o general Douglas McArthur, comandante dos EUA, propôs atacar territórios chineses, mas Truman não deu aval - o presidente americano temia que isso provocasse uma reação da União Soviética, aliada dos chineses. A situação só começou a mudar em 1952, quando Dwight Eisenhower assumiu a presidência dos Estados Unidos e ameaçou detonar armas nucleares contra a China e a Coréia do Norte se a guerra continuasse. Em julho de 1953, finalmente, foi assinado um cessar-fogo. Não era sem tempo: 4 milhões de pessoas já tinham morrido, a maioria civis.

O primeiro esboço do fim do mundoA batalha oriental opôs chineses e americanos e quase detonou a Terceira Guerra Mundial

25 de junho de 1950

Em busca de mais território, tropas da Coréia do Norte, comunista, invadem a parte sul do país, capitalista. A pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), 16 países enviam soldados para combater ao lado da Coréia do Sul. Os Estados Unidos lideram o grupo

15 de setembro de 1950

Forças americanas desembarcam em Inchon, no litoral coreano, 160 quilômetros atrás das linhas inimigas. A ofensiva pega de surpresa os norte-coreanos e parte significativa de seus exércitos é destruída

25 de novembro de 1950

O governo socialista da China decide bater de frente com o bloco capitalista: envia 180 mil soldados para combater pelo lado do norte. É um rascunho do que seria uma Terceira Guerra Mundial

31 de dezembro de 1950

Tropas comunistas lançam sua segunda e mais violenta invasão à Coréia do Sul, com meio milhão de soldados chineses e norte-coreanos. Apesar de sua força, o ataque acabou detido, graças a bombardeios aéreos

27 de julho de 1953

Depois de os Estados Unidos ameaçarem usar armas nucleares no conflito, um armistício é assinado para suspender os combates. Isso não representou um acordo de paz entre os dois países, apenas um cessar-fogo. E a tensão militar continua até hoje na região

 

 

                                                        História da Guerra

 

 

 
 
Com o final da Segunda Guerra, a Coréia foi dividida em dois Estados, separados pelo paralelo 38: a Coréia do Sul, apoiada pelos Estados Unidos e a Coréia do Norte, amparada pela União Soviética. Na madrugada de 25 de junho de 1950, o Exército norte-coreano (EPCN) invadiu seu vizinho do sul, encorajado pela vitória comunista na China e pelo descaso dos americanos, que não reagiram a agressões fronteiriças anteriores.

O ataque surpresa pegou o Exército sul-coreano (ERC) despreparado, e numa ofensiva avassaladora, obrigou as tropas sul-coreanas e americanas a recuarem para defender o reduzido perímetro de Pusan, cidade portuária no sudeste do país. Os americanos, comandados pelo General Douglas MacArthur, prepararam um grande desembarque em Inchon, a oeste, que ocorreu ao amanhecer do dia 15 de setembro, precedido de bombardeio aéreo e naval, com poucas baixas. Vencida esta etapa, os marines seguiram em direção a capital Seul, defendida por 20.000 soldados do EPCN, que resistiram ao intenso fogo de artilharia e somente depois de sete dias de combate encarniçado, a cidade foi completamente retomada.

Em 7 de novembro, após avanço das tropas americanas e do ERC em diversas frentes, inclusive atravessando a fronteira em direção ao norte, a China resolveu socorrer seus aliados do EPCN, com cinco divisões de infantaria. A preocupação dos EUA era de que a intervenção chinesa em larga escala levasse a uma guerra global. No mesmo mês, os marines desembarcaram em Wonsan, a leste, e tentaram dominar a área dos reservatórios de Chosin, mas foram rechaçados pelo 13° Exército chinês e obrigados a efetuar uma retirada, perseguidos pelo inimigo que provocou a morte de 718 homens e 3.508 feridos entre os fuzileiros. Em janeiro de 51, com suas forças reequipadas e com todo material suficiente, os americanos promoveram um contra-ataque, numa ampla linha de frente, sempre precedido por forte fogo de artilharia e ataques aéreos, caracterizado por duas fases distintas e ao longo dos três meses seguintes avançaram vigorosamente rumo ao norte, recuperando o domínio de diversas cidades que estavam em poder do EPCN e dos chineses, forçando o inimigo para além do paralelo 38, infringindo-lhe cerca de 70.000 baixas. Então a guerra da Coréia entrou num período de escaramuças e pequenos combates, com ambos os lados preocupados em manter os pontos estratégicos já conquistados, lembrando a luta de trincheiras da Primeira Guerra Mundial.

Esta situação persistiu por longos dezoito meses, enquanto as negociações de paz, intermediadas pela ONU, prosseguiam. Apesar da natureza estática dos dois últimos anos do conflito, as perdas de vidas foram acentuadas, e todos sofreram muito mais do que nos dois anos de guerra de movimento. O armistício total foi assinado em 27 de julho de 53 e a guerra da Coréia terminava praticamente como havia começado, apesar de ter causado tanta morte e destruição.
Principais forças envolvidas Coréia do Norte: 135.000 efetivos e 100.000 reservistas; 150 tanques T-34; morteiros de 122 mm; obuseiros de 76 mm; 180 caças-bombardeiros soviéticos.

Coréia do Sul: 100.000 efetivos. Não contava com tanques pesados ou médios, não possuía muitos aviões de combate, nem artilharia.

Estados Unidos: 300.000 efetivos; bombardeiros B-29; caças Sabre F-86. Diversos porta-aviões, navios de escolta e transporte de tropas.

China: 300.000 efetivos; caças Mig-15; tanques e artilharia pesada.

Tropas da ONU: 35.000 homens de mais de vinte nações, entre elas Grã-Bretanha, Austrália, Canadá, Bélgica, Colômbia, Turquia, Holanda e África do Sul.
Principais batalhas

Desembarque em Inchon, defesa do perímetro de Pusan, travessia do Rio Yalu, batalha de Chosin, resistência em Imjin, combate pela colina de Pork Chop e retomada da cidade de Seul.
Resultado final

Fixação de uma linha entre os dois lados, permitindo a criação de uma zona desmilitarizada; acertos sobre a repatriação de prisioneiros de guerra entre as partes; criação de uma comissão composta por países neutros para supervisionar o cessar-fogo e o cumprimento dos acordos.

 




Mapa ilustrativo do movimento de tropas na Guerra da Coreia (1950 - 1953)