O OLHAR ATENTO DE WALTER ARAÚJO: CHORROCHÓ, 67 ANOS, QUANDO A UTOPIA ESMORECE

12/09/2021 20:05
Neste 12 de setembro, o município baiano de Chorrochó comemora 67 anos de emancipação política.
 
Vejo nas redes sociais votos de parabéns ao aniversariante, inclusive do prefeito, que diz: “Cidade do progresso e do desenvolvimento”.  
 
Tive dúvida quanto à afirmação do prefeito. Continuo tendo.  
 
Já escrevi muito e alhures sobre Chorrochó e reivindiquei algumas demandas que sequer foram apreciadas, o que atribuo a indiferença à minha insignificância.
 
Uma delas era uma biblioteca pública municipal para servir de sustentáculo cultural aos jovens de hoje e do futuro e à sociedade chorrochoense, como um todo.
 
Ousei até, inocentemente, sugerir o nome: Biblioteca Municipal Professora Marieta Argentina de Menezes, em homenagem àquela que foi um esteio do ensino e da cultura de Chorrochó.
 
Debalde. Ninguém me ouviu, ninguém deu importância, embora a reivindicação não fosse, em nada, em meu benefício, mas para lastrear a cultura do município.
 
Santa ignorância esta minha. Para as autoridades municipais, cultura em Chorrochó teve ou tem importância?
 
De outra feita, sugeri que a Rua Coronel João Sá, por decisão da Câmara Municipal, mudasse o nome para Rua Dorotheu Pacheco de Menezes. Idiotice, ninguém deu importância.
 
Minha ignorância nunca me clareou no sentido de entender porque o coronel João Sá, lá das bandas de Jeremoabo, político e poderoso latifundiário, foi mais importante para a história de Chorrochó do que Dorotheu Pacheco de Menezes.
 
A Câmara Municipal de Chorrochó tem um histórico de apatia e ociosidade, não obstante alguns presidentes dinâmicos que dirigiram a edilidade, a exemplo de Pascoal Almeida Lima Tercius (Tércio de Fafá), que considero um jovem abalizado para a construção do futuro de Chorrochó.
 
Tirante alguns interregnos louváveis, a Câmara de Chorrochó mais se destacou como anuente de decisões e atos do Poder Executivo Municipal.
 
Todavia – e apesar de tudo isto – continuo esperançoso quando ao futuro de Chorrochó.
 
Esperança é como leite na água. Sempre há.
 
Mas a utopia tem o seu momento de esmorecer. Beirando a idade septuagenária, os sonhos vão-se esvaindo paulatinamente, de modo que não tenho mais expectativa de ver Chorrochó tal como o prefeito vê hoje: “cidade do progresso e do desenvolvimento”.
 
De qualquer modo, como já escrevi muito sobre este meu querido município de Chorrochó, hoje sou econômico nas palavras, até para contribuir com aqueles leitores que acham meus textos jurassicamente longos.
 
O escritor e jornalista francês Georges Bernanos (1888-1948) dizia que “a única diferença entre um otimista e um pessimista é que o primeiro é um imbecil feliz e o segundo é um imbecil triste”.
 
Quanto ao futuro de Chorrochó, apesar do prefeito achar que é a “cidade do progresso e do desenvolvimento”, acho que sou um imbecil triste.
 
Não consigo vislumbrar o progresso, nem o desenvolvimento de Chorrochó, talvez por me faltar inteligência.
 
Deixo aqui a homenagem àqueles que, dentre outros, contribuíram ou contribuem para que Chorrochó ainda continue em pé:
 
Eloy Pacheco de Menezes, Aureliano da Costa Andrade, Dorotheu Pacheco de Menezes, José Calazans Bezerra (Josiel), Antonio Pires de Menezes (Dodô), Pascoal de Almeida Lima, Sebastião Pereira da Silva (Baião), José Juvenal de Araújo, João Bosco Francisco do Nascimento, Paulo de Tarço Barbosa da Silva (Paulo de Baião) e, por último, Humberto Gomes Ramos, que acha que colocou Chorrochó na trilha do progresso e do desenvolvimento.
 
Que Deus acorde o prefeito de seu sono profundo e torne seu sonho realidade. Todos torcemos pelo prefeito e pelo êxito de sua administração.
 
Por último, deixo meus votos de feliz aniversário também para a professora Maria do Socorro Menezes Ribeiro, ilustre aniversariante, filha de Dorotheu Pacheco de Menezes, baluarte da luta pela emancipação de Chorrochó.
 
Socorro vive permanentemente no altar de minha admiração.
 
Parabéns Chorrochó.
 
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Via: araujo-costa@uol.com.br