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O “X” DA QUESTÃO: POR QUE A APREENSÃO DOS CARROS DE COLLOR SIGNIFICA MAIS DO QUE VOCÊ IMAGINA
15/07/2015 20:44
Lamborguini apreendida pela PF na Casa da Dinda está avaliada em R$ 3,9 milhõesFoto: Pedro Ladeira/Folhapress
Todo mundo há de concordar: foi uma evolução e tanto, se pensarmos que ele foi cassado, em 1992, por causa de uma simples Fiat Elba. O quê? Você não faz ideia dessa história? Então, aqui vai uma ajudinha.
Caçador de marajás
Collor na miraFoto: Marcelo Carnaval
Collor foi o primeiro presidente a tomar posse, por eleições diretas, após a redemocratização do país, vencendo Lula no segundo turno, em 1989. Ao todo, 35 milhões de eleitores acreditaram no discurso do então candidato que queria "retirar do Palácio do Planalto os maiores marajás deste país".
Plano Collor
Zélia Cardoso de Mello anunciou o confisco da poupança da população brasileira um dia após a posse de CollorFoto: Arquivo
No dia 16 de março de 1990, um dia após Collor assumir o governo, sua prima e ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, anunciava o Plano Collor, que determinou o confisco de toda quantia depositada em bancos superior a 50 mil cruzeiros (levando em conta a desvalorização da moeda, equivaleria hoje a cerca de R$ 0,02).
O esquema PC Farias
PC Farias mosntou esquema de empréstimos fraudulentos de camapanha e contas-fantasmaFoto: Sérgio Marques
Ainda em março de 1990, surgiram as primeiras denúncias de que o tesoureiro da campanha de Collor, Paulo César Farias, estava pedindo dinheiro a empresários em troca de vantagens no governo. Collor negou ter contato com PC, mas declarou que toda e qualquer denúncia deveria ser "exemplarmente apurada".
PC Farias e a namorada Suzana MarcolinoFoto: Arquivo
PC teria ficado responsável por gerenciar a sobra de campanha de Collor, avaliada em US$ 20 milhões. Em 95, o STF condenou o ex-tesoureiro a sete anos de prisão; em junho de 95 ele deixou o presídio para cumprir o resto da pena em regime aberto. Alguns meses depois, foi encontrado morto, em sua casa de praia em Maceió (AL), na cama, ao lado da namorada Suzana Marcolino.
O irmão
O irmão do presidente: Pedro Collor denunciou desvios milionários de dinheiro e foi acusado pelo presidente de ter problemas mentaisFoto: Sérgio Marques / Agência O Globo
Em 1992, Pedro Collor, irmão do então presidente, deu uma entrevista à revista "Veja" na qual confirmava que PC Farias era testa de ferro de Collor. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi aberta no Congresso Nacional para investigar o caso.
O motorista
Eriberto França, motorista da secretária particular de Collor, Ana Acioli, confirmou que levava dinheiro vivo para pagar despesas na Casa da DindaFoto: Arquivo
À revista "Istoé", o motorista Eriberto França entrou para a História confirmando que PC Farias bancava despesas particulares de Collor , como a reforma da Casa da Dinda, local adotado como a residência oficial do presidente.
Caras-pintadas
Caras-pintadas no movimento 'Fora Collor'Foto: Cezar Loureiro
Acuado pelas notícias e pela pressão da CPI, Collor pediu apoio à população, convocando a todos que saíssem de casa vestidos de verde e amarelo.
Manifestação contra Collor no Rio de JaneiroFoto: Fernando Maia / Agência O Globo
No dia 16 de agosto de 92, o povo foi às ruas, mas vestindo preto. Na cena, destaque para os estudantes que, de caras pintadas, tornaram-se ícone das manifestações pedindo o "Fora Collor".
Fiat Elba
Um cheque-fantasma bancou a compra da Fiat Elba do presidenteFoto: Gustavo Miranda
A CPI descobriu um esquema fraudulento de empréstimos para financiar a campanha eleitoral de Collor, conhecido como "Operação Uruguai", com uso de contas-fantasma por PC Farias para bancar gastos do presidente. Entre eles, a compra de uma simples Fiat Elba, paga com o cheque assinado por um laranja no valor de 5 milhões de cruzeiros (atualmente, R$ 1,81, levando em conta a desvalorização da moeda).
Foto: Reprodução
No dia 24 de agosto de 92, o relatório final da CPI apontava o desvio de US$ 6,5 milhões para despesas de Collor, afirmando que o presidente havia cometido crime de responsabilidade ao usar cheques fantasmas através do esquema montado por PC Farias.
Impeachement
Collor dá adeus à Presidência, ao lado da então primeira-dama Rosane, também acusada de desvio de verbas da Legião Brasileira de Assistência, da qual foi presidente durante a gestão de CollorFoto: Sergio Marques
No dia 1º de setembro, o pedido de impeachement de Collor chega à Câmara dos Deputados. No dia 29, os parlamentares aprovam por 441 votos contra 38 e encaminham o processo para o Senado. Collor renuncia, mas o Senado prossegue com a análise do caso, confirma o impeachment e cassa os direitos políticos do presidente por oito anos.
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Fonte: Sertão Mania