PASSAGEM DE ANTÔNIO CONSELHEIRO EM CHORROCHÓ

05/11/2014 18:24

Antônio Vicente Mendes Maciel começou sua jornada passando a ler os Evangelhos e a divulgá-los entre o povo humilde, ouvindo também os problemas das pessoas e procurando consolá-las com mensagens religiosas. Devido aos conselhos, tornou-se conhecido como Antônio Conselheiro e arrebanhou um número crescente de seguidores fiéis que o acompanhavam pelas suas andanças. À medida que a simpatia dos pobres por ele aumentava, surgiam também os inimigos, que se sentiam prejudicados. Por um lado, os padres, que viam seu prestígio diminuir diante das pregações de um leigo. Por outro, os latifundiários, que viam muitos empregados de suas fazendas abandonarem tudo para seguir o beato. Em 1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência.

Entretanto, seu fervor religioso aumentou durante a temporada na prisão. Da mesma maneira, aumentou seu prestígio entre os pobres, que passaram a vê-lo como um mártir. Mais gente se reuniu a sua volta e o acompanhou sertão afora, por andanças. Depois de peregrinar por muitos anos no sertão do Ceara, Pernambuco, Sergipe e Bahia estacionou em 1877 em Chorrochó, naquele tempo era um lugarejo com poucas centenas de habitantes cuja feira atraia povos dos arredores da vila. Antonio conselheiro construiu com ajuda de fiéis que o acompanhava e os habitantes do lugarejo, uma importante igreja que marcou sua passagem, com a escrita na sua frente o ano em que foi construída 1885.

Em 1893, ele se estabeleceu definitivamente numa fazenda abandonada às margens do rio Vaza-Barris, numa afastada região do norte da Bahia, conhecida como Canudos. Ali, fundou um povoado, que chamou de Belo Monte. Rapidamente, o vilarejo se transformou numa cidade cuja população é estimada entre 15 mil e 25 mil habitantes (há controvérsia entre os historiadores). Canudos prosperou e se tornou incômoda para as autoridades políticas e religiosas locais, que procuravam um pretexto para acabar com ela. Um problema comercial acerca de uma compra de madeira na cidade de Juazeiro deu motivo para que uma tropa de soldados da polícia baiana investisse contra os seguidores do Conselheiro em novembro de 1896. A derrota dos policiais deu início a um conflito que ficou conhecido como Guerra de Canudos, que assumiu enormes proporções. Mobilizaram-se tropas do exército em três expedições militares que, enfrentando enorme resistência da população de Canudos, promoveram um massacre no arraial. O confronto estendeu-se até 5 de outubro de 1897, quando o exército tomou definitivamente o arraial. Antônio Conselheiro morrera poucos dias antes, não se sabe exatamente como.