PF prende dono de sítio que abrigou fugitivos do presídio de Mossoró por 8 dias

27/02/2024 15:18

Investigações apontam que o homem recebeu R$ 5 mil dos dois presos ligados ao Comando Vermelho


Rogério e Deibson: dupla escapou da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) na última quarta-feira — Foto: Reprodução

A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira o dono de um sítio que abrigou por oito dias os dois fugitivos do presídio federal de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. O mecânico Ronaildo da Silva Fernandes, de 38 anos, é o quinto homem a ser detido sob suspeita de colaborar na fuga de Rogério da Silva Mendonça, o Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, o Deisinho, que escaparam da unidade de segurança máxima em 14 de fevereiro e desde então continuam foragidos.

Dono de sítio recebeu R$ 5 mil dos fugitivos de Mossoró

Os investigadores apontam que Fernandes recebeu R$ 5 mil para dar auxílio aos foragidos. Ele teria fornecido à dupla uma cabana em sua propriedade na zona rural de Baraúna (RN), que fica a cerca de 30 quilômetros da penitenciária federal na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará. Nesse local, eles dormiram, se alimentaram e cavaram buracos para não serem vistos pelos helicópteros nem pelos drones com sensores de temperatura.

Fernandes chegou a procurar a polícia para dizer que foi ameaçado pelos dois fugitivos. Ele prestou depoimentos na última sexta e sábado. A PF, no entanto, identificou inconsistências nos relatos e pediu um mandado de prisão contra ele, que foi deferido pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte nesta segunda-feira.

Em coletiva nesta segunda-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que eles ainda estão "nas cercanias" do presídio. — As informações são que eles ainda estão na região. Hoje tivemos outra prisão, mediante mandado judicial, de um colaborador. Imaginamos que estão nas cercanias — disse o ministro Ricardo Lewandowski, referindo-se ao mecânico.

Em conversa com jornalistas no fim de semana, Ronaildo contou que os fugitivos chegaram em seu sítio no sábado, dia 17, e ficaram por lá durante oito dias. Num primeiro momento, segundo ele, os dois pediram calma e disseram que nada aconteceria com a sua família. Depois, ele relatou ter sido ameaçado de morte, caso não cumprisse com o combinado de comprar diariamente bolacha, iogurte e carne enlatada para a dupla.

— Estava em casa com a minha esposa quando eles chegaram e invadiram a porta. Não mexeram com a gente, só pediram para ficarmos calmos e que fizéssemos o que eles pedissem. (Deram) garantia que ninguém mexeria com a nossa família, mas sabiam que eu trabalhava em oficina, sabiam quase dos meus passos todinhos — relatou o mecânico.

A polícia investiga se o homem foi cooptado ou coagido pelos dois criminosos.

— Me ameaçaram numa parte. Disseram que, se fizesse o que estavam pedindo, ninguém mexeria com a minha família. "Tem gente te observando" (disseram os fugitivos) — contou ele.

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Via: OGlobo