Visita pastoral de D. Guido a Chorrochó

18/10/2014 09:04

A Igreja Católica Apostólica Romana, Mater et Magistra, vem se sustentando em dogmas, segredos e mistérios nesses aproximados dois milênios de sua existência.

Essencialmente conservadora, a mãe e mestra dos católicos, por não abrir mão de seus rígidos preceitos seculares, vem perdendo fiéis ao longo do tempo e permitindo o surgimento de agnósticos, negligentes religiosos e céticos de toda ordem.

Não se vêem mais – ou, pelo menos escassearam – os congressos eucarísticos diocesanos, convergências de pessoas que professam a fé católica, para testemunharem que Jesus Cristo está no meio de nós e consistentes, ditos congressos, na afirmação do maior tesouro da Igreja Católica: a Eucaristia.

Não se vêem mais - ou diminuíram consideravelmente - os Cursilhos de Cristandade, com os quais a igreja floreava os caminhos primaveris dos católicos, tampouco se vislumbram as tradicionais santas missões de antigamente, que edificavam a fé, mormente junto às populações interioranas. Parece que os padres foram instados a se recolherem às suas clausuras e a deixarem as ruas. Os redentoristas, que reuniam multidões, passaram a assumir um mero papel de teólogos contemplativos e abandonaram os caminhos ásperos dos territórios paroquiais.

O fato é que o mundo mudou suas estruturas de vida e convivência e a sociedade evoluiu, nem sempre para o bem, mas a igreja manteve-se estática, quase que circunstante. Descuidou-se de sua autenticidade cristã, de suas implicações teológicas e, mais do que isto, afrouxou seu papel espiritual, pastoral e missionário.     

A imprensa trouxe uma notícia alvissareira para Chorrochó, fundamental para o povo católico da região. Na segunda metade deste mês de outubro, o bispo diocesano de Paulo Afonso, D. Guido Zendron, fará uma visita pastoral à paróquia de Chorrochó, como vem fazendo noutras localidades de sua circunscrição eclesiástica.

Outros dedicados bispos passaram por lá, D. Jackson Berenguer Prado, D. Aloysio José Leal Penna, D. Mário Zanetta e D. Esmeraldo Barreto de Farias. Contudo, talvez tenham encontrado dificuldades para anunciar, manifestamente, a universalidade e unidade da Igreja, de sorte que é claro o esfacelamento da fé católica em nossas pequenas povoações sertanejas que, outrora, eram muito ativas relativamente aos assuntos da Igreja. A debandada de fiéis avolumou-se tanto que autoriza a pressupor que a Igreja de nosso tempo não tem condições de manter, em seu rebanho, as pesoas que ela bartizou.

A violência, a crueldade, os constantes homicídios, a banalidade das agressões, inclusive em família, o indiferentismo e o egoísmo imperante entre as pessoas certamente decorrem da ausência de fé como referência primeira de Deus e da bondade humana. E a Igreja falhou em seu papel de irradiar e aprofundar a doutrina cristã entre seu povo. Onde existe a palavra de Deus não sobra espaço para o surgimento de monstros ou para a construção da maldade. 

O fato é que a Igreja precisa estar ao lado e junto do povo. É preciso que os jovens sejam resgatados da atual quadra de promiscuidade em que vivem e lhes seja indicado o caminho religioso da decência humana. Só assim teremos uma Igreja atenta ao seu rebanho e preocupada com o mundo.

Meus votos são no sentido de que o bispo D. Guido Zendron obtenha êxito pleno em sua visita pastoral, êxito que mais depende da atuação da Igreja do que, propriamente, da vontade de seu rebanho, hoje em estado letárgico.

É mais fácil criar um país na ordem mundial do que constituir uma diocese, tantos os embaraços que a Santa Sé impõe através de suas congregações, inclusive a Congregação para os Bispos. Os territórios diocesanos são imensos, abrangem dezenas de municípios, o que dificulta sobremaneira o trabalho dos bispos católicos, mesmo que empenhados em cuidarem do seu rebanho. 

Como dizia no início, a Igreja não aceita flexibilizar seus preceitos seculares. Fica difícil ajoelhar-se ao lado de seus fiéis.

 

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Fonte: araujo-costa@uol.com.br